Tolkien: Conheça a vida e a obra o gênio da linguística que transformou a literatura fantástica

J.R.R. Tolkien
Tolkien | Creative Commons

J.R.R. Tolkien é um nome conhecidíssimo não apenas entre os fãs de fantasia, mas também entre leitores de todas as idades e gerações.

Autor de obras-primas como O Hobbit e O Senhor dos Anéis, sua genialidade não se limitava à criação de histórias encantadoras. Ele era um profundo conhecedor de línguas e mitologias, apaixonado pela ideia de mundos imaginários tão ricos e detalhados quanto o nosso.

Neste artigo, vamos conhecer a vida de Tolkien, desde sua infância marcada por desafios até seu impacto no universo literário. Descubra como esse mestre da fantasia transformou sua paixão por idiomas e mitologia em uma das obras mais importantes da literatura.

A infância e a juventude de Tolkien

A jornada de John Ronald Reuel Tolkien começou em Bloemfontein, na África do Sul, onde nasceu em 3 de janeiro de 1892. Apesar de suas memórias daquele país serem poucas, uma delas, um encontro com uma aranha, influenciou suas histórias mais tarde.

Com apenas quatro anos, perdeu o pai e se mudou com sua mãe e seu irmão para a Inglaterra. Foi no West Midlands, região que combinava áreas industriais sombrias com paisagens rurais encantadoras, que sua imaginação começou a ganhar forma.

Por ter crescido em uma família de católicos devotos, Tolkien foi bastante marcado pela dedicação de sua mãe ao catolicismo e a dedicação dela à criação dos filhos. Após ela morrer precocemente em 1904, ele e seu irmão ficaram aos cuidados do padre Francis Morgan, uma figura importante em sua formação espiritual e moral.

Essas experiências moldaram seu caráter e influenciaram muitos aspectos de suas obras, incluindo os temas de sacrifício e fé presentes em suas histórias.

Desde jovem, Tolkien demonstrava um talento excepcional para línguas; aprendeu latim, grego e até idiomas menos conhecidos como gótico e finlandês. Essa paixão foi o embrião das línguas élficas que fariam parte de seu universo literário no futuro.

Seus primeiros passos na construção de mundos já podiam ser percebidos enquanto ele brincava com palavras e criava suas próprias línguas.

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A educação e a paixão de Tolkien por línguas

A juventude de Tolkien foi marcada pelo brilho acadêmico e pela descoberta de sua vocação linguística. Ele frequentou a renomada King Edward’s School em Birmingham, onde sua curiosidade por idiomas se aprofundou.

King Edward's School, in Birmingham
King Edward’s School, in Birmingham | Creative Commons

A escola proporcionou acesso aos fundamentos de latim e grego, mas Tolkien não se limitou ao currículo. Ele estudou línguas antigas como o gótico e o finlandês, que mais tarde se tornariam a base para as línguas fictícias faladas em Arda e na Terra-Média.

Aos 16 anos, Tolkien conheceu Edith Bratt, uma órfã de 19 anos que vivia na mesma pensão. Apesar da diferença de idade, eles logo se tornaram próximos. No entanto, o tutor de Tolkien, o padre Francis Morgan, desaprovou o relacionamento e impôs uma separação até que o rapaz completasse 21 anos.

Essa pausa forçada não diminuiu o afeto entre eles. Assim que atingiu a idade determinada, Tolkien retomou o contato e logo pediu Edith em casamento.

Foi nesse período que ele ingressou na Universidade de Oxford, onde inicialmente estudou Inglês Antigo, Clássicos e Línguas Germânicas antes de se transferir para o curso de Língua e Literatura Inglesa.

Durante sua graduação, Tolkien se deparou com uma linha de um poema anglo-saxão, o Crist de Cynewulf, que mencionava “Earendel”. Essa simples referência ao “mais brilhante dos anjos” foi o ponto de partida para sua longa jornada de criação de mitologias.

A educação de Tolkien foi interrompida pela eclosão da Primeira Guerra Mundial, um evento que mudou sua trajetória e impactou sua escrita.

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Como a Primeira Guerra Mundial inspirou Tolkien

Quando a Primeira Guerra Mundial irrompeu em 1914, Tolkien não se alistou imediatamente. Ele escolheu terminar sua formação em Oxford, graduando-se com honras em 1915.

Logo depois, ingressou no exército britânico como segundo-tenente no Regimento de Fuzileiros de Lancashire. Durante seu treinamento e serviço, ele continuou escrevendo poemas e expandindo suas ideias sobre um universo fictício que já começava a tomar forma.

Em 1916, Tolkien foi enviado ao front ocidental, participando da devastadora Batalha do Somme. A brutalidade das trincheiras e a perda de quase todos os seus amigos próximos no conflito o impactaram profundamente.

Essas experiências deixaram marcas em sua vida e influenciaram sua obra, especialmente na criação de cenários de guerra em suas histórias, como os conflitos épicos contra Sauron e Morgoth.

Enquanto servia no exército, Tolkien contraiu a “febre das trincheiras”, uma doença causada pelas péssimas condições do front. Ele foi enviado de volta à Inglaterra para se recuperar, o que provavelmente salvou sua vida.

Durante sua convalescença, ele começou a dar uma forma concreta ao que chamou de Livro dos Contos Perdidos. Essa coletânea inicial, escrita em cadernos e sob a luz de velas, introduziu os primeiros contornos do que mais tarde se tornaria O Silmarillion.

Foi também nesse período que Tolkien encontrou inspiração para um dos contos mais importantes de seu legendarium: a história de Beren e Lúthien. Durante um passeio com Edith em um bosque, ela dançou para ele em uma clareira.

Essa cena romântica foi transposta para a relação entre os personagens Beren e Lúthien, tornando-se um símbolo do amor eterno que ele compartilhava com Edith.

Ao fim da guerra, Tolkien voltou sua atenção para sua carreira acadêmica, mas nunca abandonou os contos e mitologias que começara a esboçar nas trincheiras.

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A carreira acadêmica de Tolkien

J.R.R. Tolkien foi uma figura de destaque na academia, especialmente no campo da filologia e da literatura inglesa.Sua carreira começou na Universidade de Leeds, onde, ao lado de E.V. Gordon, editou a renomada obra Sir Gawain and the Green Knight. Essa edição é reconhecida até hoje como referência fundamental no estudo da literatura medieval.

Universidade de Leeds
Universidade de Leeds | Creative Commons

Além disso, em 1936, Tolkien proferiu a palestra Beowulf: The Monsters and the Critics, um marco na análise literária do poema anglo-saxão que mudou a maneira como os estudiosos abordavam textos medievais, tratando-os não apenas como objetos históricos, mas como literatura viva.

Após sua passagem por Leeds, ele foi nomeado professor de Anglo-Saxão na Universidade de Oxford, uma das mais prestigiadas cátedras de sua época.

Posteriormente, assumiu a posição de Merton Professor de Língua e Literatura Inglesas, permanecendo em Oxford até sua aposentadoria em 1959.

Durante sua trajetória acadêmica, Tolkien influenciou estudantes e colegas, trazendo um enfoque inovador e detalhista aos textos antigos e contribuindo para a preservação e o estudo das línguas germânicas e do inglês antigo.

A paixão de Tolkien por idiomas e mitologias definiu sua carreira acadêmica e permeou sua obra literária. Seu trabalho acadêmico influenciou a criação do universo de Arda e da Terra-Média, mostrando o quanto seus lados estudioso e escritor estavam bem conectados.

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A relação entre Tolkien e Edith Bratt

J.R.R. Tolkien e Edith Bratt se conheceram quando Tolkien tinha 16 anos e Edith, 19. Ambos eram órfãos e viviam na mesma pensão. Apesar da diferença de idade, a conexão entre os dois logo se tornou profunda.

Contudo, o padre Francis Morgan, tutor de Tolkien, desaprovava o relacionamento e proibiu qualquer contato até que Tolkien completasse 21 anos. Respeitando a vontade de seu tutor, ele esperou pacientemente, e no momento permitido escreveu uma carta para Edith declarando seu amor. Pouco depois, eles ficaram noivos.

O amor de Tolkien por Edith Bratt inspirou uma das histórias mais icônicas de seu universo: o conto de Beren e Lúthien.

Essa narrativa, que combina sacrifício e amor eterno, reflete momentos da vida do casal, como o episódio em que Edith dançou para Tolkien em um bosque, cena que se tornou a base para um momento crucial da história entre Beren e Lúthien.

Tamanho foi o impacto dessa relação que, na lápide onde estão enterrados juntos, os nomes “Beren” e “Lúthien” foram gravados, simbolizando a união eterna entre eles.

Edith foi, além de companheira de vida, uma grande fonte de apoio emocional. Ela esteve ao lado de Tolkien durante os desafios da Primeira Guerra Mundial, sua carreira acadêmica e a criação de suas obras literárias. Seu amor e dedicação formaram uma base sólida para o autor enfrentar as adversidades e se concentrar em seu processo criativo.

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Tolkien e os Inklings

Os Inklings foram um grupo literário de intelectuais que se reuniam informalmente em Oxford e desempenharam um papel importante na vida criativa de J.R.R. Tolkien.

Esse grupo incluía nomes como C.S. Lewis, autor de As Crônicas de Nárnia, e outros escritores e acadêmicos como Charles Williams, Owen Barfield e Hugo Dyson.

O grupo nasceu com a intenção de fomentar o compartilhamento e a crítica construtiva de obras em andamento, sendo o espaço ideal para que Tolkien desenvolvesse algumas de suas mais importantes criações. As reuniões dos Inklings ocorriam frequentemente no pub Eagle and Child, carinhosamente apelidado de “Bird and Baby”.

Bar The Eagle and Child, em Oxford
Bar The Eagle and Child, em Oxford | Creative Commons

Ali, entre conversas descontraídas e canecas de cerveja, os membros liam trechos de seus trabalhos e discutiam ideias. Além das reuniões no pub, o grupo também se encontrava nos aposentos de C.S. Lewis em Magdalen College, Oxford, para sessões mais intimistas de leitura e crítica literária.

C.S. Lewis, em particular, teve uma relação de grande estímulo mútuo com Tolkien. Lewis foi um dos primeiros leitores de O Senhor dos Anéis e encorajou Tolkien a prosseguir com a obra quando enfrentava dificuldades no processo criativo.

Embora houvesse diferenças nas visões artísticas e religiosas de ambos, a amizade e o respeito mútuo foram fundamentais para o crescimento literário de Tolkien.

O impacto dos Inklings não foi apenas sobre a produção literária de Tolkien, mas também em sua confiança como autor. Ele dedicou a primeira edição de O Senhor dos Anéis ao grupo, reconhecendo a importância de seus colegas na conclusão desse trabalho monumental.

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Tolkien e a criação de seu Legendarium

J.R.R. Tolkien não apenas criou histórias, mas desenvolveu todo um universo imaginário, conhecido como Legendarium, que inclui Arda e a Terra-Média.

Originalmente, esse cenário surgiu como um contexto para as línguas que ele inventava. Inspirado por idiomas como o finlandês e o galês, ele deu vida a idiomas fictícios como o quenya e o sindarin.

Introdução ao Quenya | Canal Tolkien Talks
Introdução ao Sindarin | Canal Tolkien Talks

Essas línguas, porém, demandavam um contexto cultural e histórico para existirem de forma convincente, levando Tolkien a criar mitos e lendas que sustentassem seus povos fictícios.

A mitologia nórdica e anglo-saxônica foram pilares na construção desse universo. Tolkien foi um grande conhecedor dessas tradições graças à sua formação acadêmica, e usou elementos como sagas, épicos e simbolismos para moldar suas histórias.

Figuras como o herói Beowulf e conceitos como os de Valhalla e Midgard serviram de inspiração para as narrativas e os personagens que habitam sua obra.

A estrutura mitológica de Tolkien é rica e detalhada, com uma profundidade que tornou seu universo uma das maiores realizações na literatura fantástica, sendo estudado e admirado até hoje.

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As principais obras de Tolkien

O Hobbit

Publicado em 1937, O Hobbit nasceu como uma história criada por Tolkien para entreter seus filhos. A narrativa segue Bilbo Bolseiro, um hobbit que relutantemente embarca em uma aventura com um grupo de anões (na verdade, anãos) para recuperar um tesouro guardado pelo dragão Smaug.

Inicialmente concebido como uma obra autônoma, o livro foi um sucesso instantâneo, ganhando popularidade entre leitores jovens e adultos.

Embora seja uma história mais leve, O Hobbit introduz elementos que se conectam ao Legendarium, como a figura de Gandalf, as raças élficas e, mais notavelmente, o Um Anel. O sucesso da obra levou à criação de sua continuação, O Senhor dos Anéis.

  • Hobbit (O) (Capa Dura)

O Senhor dos Anéis

Publicado entre 1954 e 1955, O Senhor dos Anéis começou como uma sequência de O Hobbit, mas rapidamente se expandiu para se tornar uma narrativa épica e complexa.

Dividida em três volumes (A Sociedade do Anel, As Duas Torres e O Retorno do Rei), a obra narra a jornada de Frodo Bolseiro e seus companheiros para destruir o Um Anel e derrotar Sauron.

A publicação enfrentou desafios devido à extensão do texto e à complexidade da trama. No entanto, tornou-se um marco cultural, redefinindo a fantasia moderna.

  • Box Trilogia O Senhor dos Anéis

O Silmarillion

Diferente das outras obras mais narrativas, O Silmarillion é uma coletânea de histórias e mitos que formam a base do Legendarium.

Editada e publicada postumamente por Christopher Tolkien em 1977, a obra inclui relatos desde a criação de Arda pelos Ainur até os eventos que culminam na Primeira Era.

Histórias como a de Beren e Lúthien, Túrin Turambar e a queda de Gondolin demonstram a profundidade e a tragédia que permeiam o mundo criado por Tolkien.

O Silmarillion é reconhecido como uma peça central para entender o universo tolkieniano.

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O impacto cultural de O Senhor dos Anéis

Após sua publicação inicial, O Senhor dos Anéis conquistou um público fiel, mas foi na década de 1960, com o lançamento das edições em brochura nos Estados Unidos, que o livro atingiu o status de cult.

A obra foi abraçada pela contracultura, com jovens identificando-se com suas mensagens de preservação ambiental, luta contra tiranias e resistência ao poder corruptor. O movimento popularizou frases e símbolos da saga, como “Não passarão” e o próprio Um Anel.

Tolkien redefiniu a fantasia, elevando-a a um patamar literário até então inexplorado. Sua abordagem meticulosa para criar mundos, idiomas e mitologias estabeleceu um padrão para o gênero.

Obras posteriores, como as de autores como George R.R. Martin, Patrick Rothfuss e Brandon Sanderson, carregam a influência de Tolkien em suas narrativas detalhadas e mundos ricos.

A Terra-Média tornou-se sinônimo de fantasia épica, consolidando o gênero como um dos mais populares na literatura contemporânea.

Além disso, Tolkien demonstrou que a fantasia podia abordar temas profundos e universais, como moralidade, sacrifício e a natureza do mal.

O legado de O Senhor dos Anéis foi amplificado pelas adaptações cinematográficas dirigidas por Peter Jackson, lançadas entre 2001 e 2003.

O Senhor dos Anéis: A Sociedade do Anel, filme de 2001
O Senhor dos Anéis: As Duas Torres, filme de 2002
O Senhor dos Anéis: O Retorno do Rei, filme de 2003

Os filmes conquistaram público e crítica, além de apresentarem a Terra-Média a uma nova geração, tornando a obra ainda mais popular.

Além disso, Christopher Tolkien desempenhou um papel importante na continuidade editorial, editando e publicando textos inacabados do pai, como Os Filhos de Húrin e Beren e Lúthien. Essas publicações expandiram o universo de Arda, mantendo vivo o interesse pelos escritos de Tolkien.

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  • Box Trilogia O Senhor dos Anéis

Outras obras de Tolkien e publicações póstumas

Embora seja mais conhecido por suas grandes epopeias, Tolkien também escreveu histórias menores que mostram seu talento para narrativas de diferentes tons e estilos.

Entre elas, destacam-se Mestre Giles d’Aldeia (1949), uma fábula cômica ambientada em uma versão fictícia da Inglaterra medieval, e Ferreiro do Bosque Maior (1967), uma reflexão poética sobre o poder da imaginação e do fantástico.

Essas obras demonstram a versatilidade de Tolkien como contador de histórias e sua habilidade em mesclar humor e profundidade.

Após a morte do autor, seu filho mais novo, Christopher, dedicou décadas à edição e publicação de obras baseadas nos manuscritos do pai. O Silmarillion (1977) foi o primeiro grande esforço nesse sentido, apresentando ao público o pano de fundo mitológico do Legendarium.

Outros destaques incluem Os Filhos de Húrin (2007), uma narrativa trágica ambientada na Primeira Era, e Beren e Lúthien (2017), uma história de amor inspirada na relação de Tolkien com sua esposa Edith.

Christopher também lançou a coleção de 12 volumes The History of Middle-earth (1983–1997), que explora a evolução das ideias de Tolkien ao longo dos anos, oferecendo aos fãs uma visão fascinante do processo criativo do autor.

Publicações mais recentes, como A Queda de Gondolin (2018), consolidam o compromisso de Christopher em preservar e expandir o legado de seu pai.

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Religião e filosofia na obra de Tolkien

Tolkien era um católico devoto, e sua visão de mundo influenciou profundamente sua escrita. Embora evitasse alegorias diretas, elementos de sua fé estão presentes de forma sutil, permeando os temas e a estrutura moral de suas histórias.

Em O Senhor dos Anéis, a luta contra o mal, o sacrifício pessoal e a esperança em meio ao desespero refletem princípios cristãos.

A figura de Frodo, que carrega o fardo do Um Anel, é frequentemente interpretada como uma representação do sacrifício redentor.

Da mesma forma, os personagens que resistem ao poder corruptor, como Gandalf e Sam, demonstram valores de humildade, lealdade e serviço ao próximo, que eram centrais para Tolkien.

Além do cristianismo, a obra de Tolkien reflete preocupações éticas universais, como a preservação da natureza, a resistência ao abuso de poder e a busca pela redenção.

A destruição do Um Anel exemplifica a ideia de que o verdadeiro poder reside em abdicar da dominação, não em buscá-la.

Tolkien também explorou a ideia de livre-arbítrio e destino, mostrando como os personagens podem alterar o curso dos eventos com suas escolhas, mesmo diante de forças aparentemente inexoráveis.

A relação entre os Valar e os habitantes de Arda ilustra a tensão entre a providência divina e a autonomia individual, um tema relacionado com debates filosóficos e religiosos mais amplos.

Esses elementos enriquecem a obra de Tolkien com camadas interpretativas, oferecendo algo tanto para leitores em busca de uma narrativa envolvente quanto para aqueles interessados em reflexões mais profundas sobre espiritualidade e moralidade.

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Os últimos anos e a morte de Tolkien

Após sua aposentadoria em 1959, Tolkien e sua esposa se mudaram para Bournemouth, um tranquilo balneário no sul da Inglaterra.

Apesar de sua fama como escritor, Tolkien buscava uma vida discreta, longe dos holofotes. No entanto, sua notoriedade atraiu admiradores e fãs de todas as partes, o que frequentemente perturbava sua busca por tranquilidade.

Bournemouth ofereceu ao casal um refúgio da intensa atenção pública que O Senhor dos Anéis gerava, especialmente após o boom de popularidade na década de 1960.

Apesar disso, Tolkien continuava se correspondendo com leitores, acadêmicos e fãs, demonstrando sua gratidão pelo impacto que sua obra tinha alcançado.

Mesmo antes de sua morte, Tolkien já era amplamente reconhecido como um dos maiores autores do século XX. Recebeu diversas honrarias, incluindo sua nomeação como Comandante da Ordem do Império Britânico em 1972, pelo impacto de sua obra na literatura e na cultura.

Sua contribuição à fantasia moderna foi celebrada por críticos e fãs, e ele foi considerado um pioneiro no gênero.

Após a morte de Edith em 1971, Tolkien retornou a Oxford, onde passou seus últimos anos em acomodações fornecidas pelo Merton College, onde havia lecionado. Ele faleceu em 2 de setembro de 1973, aos 81 anos.

Tolkien foi enterrado ao lado de Edith no cemitério de Wolvercote, em uma lápide que os identifica como “Beren” e “Lúthien”, em homenagem à história de amor em seu Legendarium.

A influência de Tolkien continuou a crescer após sua morte, com novos leitores descobrindo suas obras e estudiosos explorando o impacto de suas histórias e mitologias.

J.R.R. Tolkien é, sem dúvida, um dos pilares mais importantes da literatura fantástica, e sua influência permanece viva através de suas obras, das adaptações cinematográficas e do impacto cultural que moldou o gênero.

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