Sabe o livro Ainda Estou Aqui? Se você nem mesmo viu o filme, prepare o coração; essa história é daquelas que grudam na cabeça por dias.
Escrito por Marcelo Rubens Paiva, o livro mistura memórias pessoais com momentos intensos da história do Brasil. E não é qualquer história: estamos falando de ditadura militar, desaparecimento político, perda familiar e, ao mesmo tempo, muito afeto, resistência e memória.
Mas calma, não é um livro pesado no estilo “documento frio”. Marcelo escreve como se estivesse conversando com a gente. Ele fala da mãe, Eunice, uma mulher que perdeu o marido para a repressão do regime e ainda teve que lidar com a própria velhice e o Alzheimer, tudo isso criando cinco filhos praticamente sozinha. E também fala dele mesmo, do acidente que mudou sua vida e de como isso se conecta com a luta da mãe.
Neste post, vamos analisar nesse livro incrível. Você vai entender quem foi Marcelo Rubens Paiva, o que torna essa história tão potente, o que tem de especial nos personagens, por que esse livro virou filme e, claro, por que ele é tão necessário hoje.
Curtiu? Então vem comigo até o fim. Vai valer a pena.
Sobre o autor: Quem é Marcelo Rubens Paiva?
Marcelo Rubens Paiva é aquele tipo de autor que mistura coragem com sensibilidade. Talvez você até já tenha ouvido falar dele por causa do best-seller Feliz Ano Velho, mas em Ainda Estou Aqui ele entrega algo ainda mais íntimo.
Marcelo é escritor, jornalista, roteirista e um cara que transformou tragédia em narrativa, e fez isso sem perder a leveza, mesmo que a vida não tenha sido nada leve com ele.
Filho do deputado Rubens Paiva, que desapareceu em 1971 após ser preso pela ditadura militar, Marcelo cresceu sob a sombra de uma ausência que nunca teve explicação oficial.
Décadas depois, quando o Brasil começou a encarar os fantasmas desse período, ele resolveu contar a história da mãe, Eunice Paiva, que ficou, resistiu e criou os filhos enquanto lutava contra a dor e pela memória do marido.
Mas a trajetória de Marcelo vai além da política. Em 1979, ainda jovem, ele sofreu um acidente e ficou tetraplégico. E sim, isso muda tudo. Não só a vida dele, mas o modo como ele escreve.
Seus textos têm uma perspectiva única, cheia de ironia, senso crítico e afeto. Ele não quer que você o veja como vítima nem como herói. Ele só quer contar uma boa história, e sabe fazer isso como poucos.
Marcelo também já escreveu para teatro, TV e cinema. Seus livros misturam autobiografia, crítica social e observações sobre o cotidiano brasileiro. Leitura que faz pensar, mas sem soar professoral.
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Sinopse de Ainda Estou Aqui
Em Ainda Estou Aqui, Marcelo Rubens Paiva conta a história de uma mulher forte – sua mãe, Eunice Paiva – e, ao mesmo tempo, relembra sua própria trajetória. É um livro sobre memória, perdas e afetos, mas também sobre política, justiça e silêncio.
Parece muito? E é. Mas Marcelo conduz tudo com uma narrativa que prende desde o começo.
O ponto de partida é o desaparecimento de Rubens Paiva, pai do autor, preso e morto pela ditadura militar brasileira em 1971. A família nunca teve um corpo para enterrar, nunca recebeu respostas oficiais. Enquanto isso, Eunice criava os filhos, enfrentava ameaças e tocava a vida com uma força absurda.
A narrativa intercala dois tempos: o passado, com a repressão militar e a resistência da família, e o presente, quando Eunice já idosa enfrenta o Alzheimer. É comovente ver como a mulher que lutou contra o esquecimento institucional agora luta contra o esquecimento do próprio cérebro.
Marcelo se coloca na história também, não como protagonista, mas como observador que viveu tudo aquilo por dentro. Ele fala sobre o acidente que o deixou tetraplégico, a descoberta de documentos sobre a morte do pai, a frustração com a lentidão da Justiça e os momentos mais íntimos com a mãe.
Não é só um livro sobre ditadura, nem só sobre família. É sobre como lembranças moldam quem a gente é, e o que acontece quando essas lembranças somem.
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Contexto histórico e político
Para entender o peso de Ainda Estou Aqui, é importante saber o que estava acontecendo no Brasil na época. A história do livro não existe isolada, mas é atravessada pela ditadura militar, um dos períodos mais sombrios da nossa história recente.
Em 1964, os militares tomaram o poder no Brasil. Durante 21 anos, o país viveu sob censura, repressão, perseguição política e desaparecimentos forçados.
Rubens Paiva, pai de Marcelo, era deputado federal e crítico do regime. Em janeiro de 1971, ele foi preso por agentes do Exército, torturado e morto. Oficialmente, o Estado nunca assumiu a responsabilidade. Até hoje, o corpo dele nunca foi encontrado.
Agora pense: como é para uma família conviver com esse silêncio? Não saber o que aconteceu. Não ter direito nem a um enterro. Esse é o ponto de partida emocional do livro, e político também.
Décadas depois, com a abertura democrática e as investigações da Comissão da Verdade, parte dessas histórias veio à tona. Documentos, testemunhos e provas começaram a ser revelados.
E Marcelo decidiu escrever sobre isso. Não com raiva, mas com lucidez. Ele quis contar o que sua família viveu e como isso moldou a identidade deles.
Mas Ainda Estou Aqui também mostra como o passado continua vivo. Enquanto a mãe dele enfrentava o Alzheimer e começava a esquecer tudo, o país começava a lembrar. É uma inversão dolorosa, simbólica e, de certa forma, poética.
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Personagens de Ainda Estou Aqui
Embora seja uma narrativa real, Ainda Estou Aqui tem personagens que marcam como em qualquer grande romance, com a diferença de que eles existiram (ou ainda existem). E talvez por isso a força deles seja ainda maior.
Eunice Paiva
Ela é o coração do livro. Mãe de cinco filhos, advogada, mulher de Rubens Paiva. Depois que o marido desapareceu, Eunice segurou a barra sozinha. E não foi só criar os filhos. Continuou estudando, trabalhando, e anos depois ainda se envolveu com causas sociais, com a política e com a luta por memória e justiça.
Tudo isso sem levantar bandeira, sem discurso pronto. No livro, a gente vê uma mulher que amava profundamente, que sofreu calada, mas que nunca se deixou quebrar.
Nos últimos anos de vida, Eunice começou a enfrentar o Alzheimer. E é aí que a história ganha outra camada. Ver uma pessoa tão lúcida perder a memória aos poucos é brutal, mas Marcelo descreve isso com tanto cuidado, tanto carinho, que fica impossível não se comover.
Rubens Paiva
A presença dele é constante, mesmo ausente. O pai desaparecido é uma espécie de fantasma afetivo; está em cada decisão da família, em cada conversa, em cada ausência. Rubens era idealista, político, e seu desaparecimento é o ponto de ruptura da história familiar.
Marcelo Rubens Paiva
O autor entra no livro com franqueza. Ele fala sobre o acidente que o deixou tetraplégico, as dificuldades físicas e emocionais, o relacionamento com a mãe e a sensação de não saber onde o pai foi enterrado.
Mas ele nunca se coloca como vítima. Ele observa, analisa, provoca. É um narrador que consegue ser íntimo sem ser piegas.
Esses três formam o núcleo emocional do livro. Mas o pano de fundo – o Brasil – é quase um quarto personagem, influenciando tudo em silêncio.
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Temas abordados em Ainda Estou Aqui
Tem livros que você lê e fecha pensando: “isso era sobre o quê, mesmo?” Ainda Estou Aqui não deixa essa dúvida. Ele fala de coisas bem concretas, e todas elas importam.
Marcelo Rubens Paiva constrói a narrativa como quem olha pra trás tentando entender o agora. E nessa tentativa, ele toca em temas que ainda são urgentes.
Memória
Esse talvez seja o tema mais forte. O livro todo é um confronto entre lembrar e esquecer. De um lado, o esquecimento forçado pela ditadura militar, que fez desaparecer pessoas, fatos e documentos.
Do outro, o esquecimento involuntário do Alzheimer, que apaga a história de vida de sua mãe. É como se o passado fosse sendo apagado duas vezes. Marcelo escreve para não deixar isso acontecer.
Perda e luto
Não tem como escapar. A perda do pai, a perda da memória da mãe, a perda da mobilidade… Tudo isso atravessa o livro. Mas o luto aqui não é imobilizante. Ele é transformado em ação, em escrita, em denúncia, em afeto.
Ditadura e política
O livro não é um panfleto. Mas é político. Ao contar a história da própria família, Marcelo mostra o que foi a repressão por dentro, no cotidiano. E mostra como isso ainda impacta o Brasil de hoje. Não dá pra entender o presente ignorando esse passado.
Família e afeto
Apesar de tudo, o livro é sobre amor. Entre mãe e filho, entre irmãos, entre memória e identidade. Não tem romantização, mas tem muito respeito. Dá pra sentir que Marcelo admira profundamente a mãe, e que escrever sobre ela foi um ato de amor.
Esses temas não são jogados no texto. Eles são costurados com atenção, aparecem nas entrelinhas, em pequenas cenas e nos gestos. E talvez por isso o livro tenha um impacto tão grande.
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Adaptação cinematográfica de Ainda Estou Aqui
Ainda Estou Aqui virou um filme dos bons. A adaptação para o cinema foi lançada em 2024, com direção de Walter Salles (o mesmo de Central do Brasil e Diários de Motocicleta), e levou a história de Marcelo Rubens Paiva para as telas com a mesma sensibilidade do livro.
A escolha do elenco chamou atenção: Fernanda Montenegro e Fernanda Torres interpretam Eunice em fases diferentes da vida. Mãe e filha na vida real, elas trouxeram uma profundidade absurda ao papel. Já Selton Mello ficou com o desafio de dar vida a Rubens Paiva e entregou uma atuação contida, mas poderosa.
O filme não tenta reproduzir o livro ao pé da letra. Em vez disso, ele foca na relação entre Marcelo e Eunice, nas lacunas deixadas pelo desaparecimento do pai e no desgaste emocional causado pela doença da mãe. A ditadura está lá, sim, mas como pano de fundo; o centro é o afeto, o tempo e a fragilidade humana.
A crítica elogiou bastante. O longa ganhou prêmios em festivais, foi escolhido como representante do Brasil no Oscar 2025 e recebeu a estatueta de Melhor Filme Internacional.
Sim, o Brasil levou o Oscar com essa história! O filme ajudou a popularizar ainda mais o livro e trouxe novos leitores para a obra original.
Se você já leu o livro, vale assistir ao filme com outro olhar. E se você viu o filme antes, o livro oferece muito mais profundidade, detalhes e reflexões que o cinema não conseguiu mostrar por completo.
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Por que ler Ainda Estou Aqui?
Tem gente que foge de livro autobiográfico achando que vai ser pesado, denso ou cheio de drama. Mas Ainda Estou Aqui quebra todas essas expectativas. Ele emociona, claro. Mas também provoca, informa e, em alguns momentos, até arranca um sorriso.
Primeiro, porque é uma história real. E histórias reais mexem com a gente de um jeito diferente. Saber que tudo aquilo aconteceu de verdade – a prisão do pai, a força da mãe, a doença, o silêncio, a busca por respostas – dá uma outra camada de impacto.
Segundo, porque Marcelo Rubens Paiva escreve de um jeito direto, quase como se estivesse batendo papo com a gente. Nada é forçado, nada é grandioso demais. Ele fala das coisas como elas são. Isso aproxima. A gente se sente dentro da história.
Terceiro: esse livro ajuda a entender o Brasil. E não é exagero. Entender o que foi a ditadura, o que ela causou nas famílias, como esse passado ainda pesa – tudo isso está no livro. Mas não como aula de história; como vivência.
E por último, porque Ainda Estou Aqui é sobre amor. Em meio a tanta dor, o que fica é a relação entre mãe e filho. É o cuidado, o respeito, a admiração. É um lembrete de que, mesmo quando o mundo desmorona, a gente se agarra nas pessoas que ama.
Se você procura uma leitura que seja intensa sem ser cansativa, que te faça pensar sem soar arrogante, e que fale de política sem se esquecer da humanidade, esse é o livro.
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Onde comprar o livro Ainda Estou Aqui
Depois de tudo isso, fica difícil não querer ter esse livro na estante, né? Ainda Estou Aqui é daquelas leituras que você termina e já começa a recomendar pra todo mundo. É o tipo de história que merece ser lida com calma, marcada, relida, e que permanece com a gente.
Você pode encontrar o livro em diversas livrarias online, nas versões física e digital. Mas pra facilitar a sua vida, deixo o link aqui embaixo.
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FAQ: Perguntas frequentes sobre Ainda Estou Aqui
1. O que é o livro Ainda Estou Aqui?
É uma autobiografia escrita por Marcelo Rubens Paiva, que mistura memórias pessoais com a história política do Brasil, especialmente durante a ditadura militar.
2. O livro Ainda Estou Aqui é baseado em fatos?
Sim. Ele conta a história real do desaparecimento do pai do autor, Rubens Paiva, e da vida da mãe, Eunice Paiva.
3. Qual é o tema principal de Ainda Estou Aqui?
Memória, tanto pessoal quanto coletiva. O livro também aborda ditadura, luto, família, doença e amor.
4. Ainda Estou Aqui tem adaptação para o cinema?
Tem sim. O filme foi lançado em 2024, com direção de Walter Salles, e ganhou o Oscar de Melhor Filme Internacional.
5. Preciso conhecer o contexto da ditadura para entender o livro?
Não. O próprio livro dá as referências necessárias. Mas conhecer o básico pode tornar a leitura ainda mais rica.
6. Onde posso comprar o livro?
Você pode comprar online. Neste post, há um link direto para facilitar o acesso à obra.