Elena Ferrante é um nome que você já deve ter visto por aí, em capas de livros nas livrarias, adaptações premiadas ou em discussões literárias fervorosas nas redes sociais. Mas afinal, por que tanto se fala nos livros de Elena Ferrante?
Essa escritora italiana, que escolheu permanecer anônima, construiu uma obra poderosa e visceral. Suas histórias abordam os dilemas da experiência feminina, os vínculos familiares e as tensões sociais. Não tem enrolação: ela escreve com uma franqueza que chega a incomodar – no melhor dos sentidos.
Neste post, você vai descobrir quais são os principais livros da autora, como suas histórias se conectam, por onde começar a leitura e até o que foi adaptado para a TV e o cinema. Tem muita gente que começa errado, escolhe o livro menos acessível ou acha que já sabe tudo porque viu a série da HBO. Spoiler: não sabe.
Então, se você quer entender de verdade o que faz a escrita de Ferrante ser tão impactante, fica aqui comigo.
Quem é Elena Ferrante
Essa é a pergunta que quase todo mundo faz: afinal, quem é Elena Ferrante? A verdade é que ninguém sabe com certeza, e isso é parte do fascínio.
Elena Ferrante é um pseudônimo. A autora (ou autor?) nunca apareceu publicamente, nunca deu entrevistas presenciais e evita qualquer exposição pessoal. Mas, apesar do mistério em torno da identidade, o conteúdo dos seus livros é tudo menos distante. A escrita é íntima, intensa, cheia de conflitos reais, humanos e muitas vezes desconfortáveis.
Desde que lançou Um Amor Incômodo nos anos 1990, Ferrante chamou a atenção pela maneira crua como retrata o universo feminino. Mas foi com a Série Napolitana, anos depois, que o nome explodiu no mundo todo. A crítica elogiou, os leitores se apaixonaram e a autora virou um fenômeno, tudo isso sem ninguém saber quem ela é.
O mais curioso? Mesmo sem aparecer, Ferrante consegue criar fortes laços com os leitores. Suas protagonistas falam de culpa, desejo, raiva, medo e ambição com uma honestidade brutal. E isso aproxima.
Se você está procurando uma leitura que vá além do superficial, Ferrante é uma aposta certa. Seus livros não entregam respostas prontas; eles provocam. Fazem pensar. Às vezes, até causam desconforto. Mas sempre deixam marcas.
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Série Napolitana: a obra-prima de Ferrante
Se você já ouviu falar da Elena Ferrante, provavelmente foi por causa da Série Napolitana. São quatro livros que acompanham a amizade intensa, cheia de altos e baixos, entre Elena Greco e Lila Cerullo, duas meninas que crescem juntas em um bairro pobre de Nápoles, na Itália, e levam essa conexão ao longo de décadas.
A série é composta por:
- A Amiga Genial
- História do Novo Sobrenome
- História de Quem Foge e de Quem Fica
- História da Menina Perdida
Parece uma história simples, mas não é. Ferrante transforma a vida cotidiana dessas duas mulheres em uma narrativa sobre desigualdade social, ambição, violência, identidade, maternidade e o peso de se tornar mulher num mundo que constantemente tenta te diminuir.
O mais impressionante é o retrato da amizade entre Elena e Lila, que é tudo, menos idealizada. Há admiração, ciúmes, competição, cumplicidade, distância. É real. E se você já teve uma amizade forte na infância, vai se ver em muitas dessas páginas.
Além disso, Ferrante insere tudo isso num contexto histórico riquíssimo: a Itália do pós-guerra, o crescimento do crime organizado, o papel da mulher nas mudanças políticas e sociais. Mas nunca de forma didática. Está tudo ali, costurado na trama.
Se você quer começar a ler Elena Ferrante e entende bem o poder de uma narrativa longa e envolvente, essa série é o melhor ponto de partida.
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Outros livros importantes de Elena Ferrante
Nem só de Série Napolitana vive a obra de Ferrante. Aliás, antes de o mundo conhecer Elena e Lila, ela já vinha escrevendo romances potentes, densos e cheios de camadas. Se você prefere histórias mais diretas, com menos páginas mas com o mesmo impacto emocional, esses títulos podem te surpreender.
Dias de Abandono
Uma mulher é deixada pelo marido após anos de casamento. Pronto. É esse o ponto de partida. Mas o que Ferrante faz com isso não tem nada de comum. Ela explora o colapso psicológico da personagem com brutalidade, sem floreios, sem suavizar a dor.
A Filha Perdida
Esse livro cutuca um tema delicado: maternidade. Só que longe daquela imagem idealizada que a gente vê por aí. A protagonista, uma professora universitária, entra num turbilhão emocional quando suas filhas vão morar com o pai. O livro vai fundo nas contradições de ser mãe e mulher ao mesmo tempo.
Um Amor Incômodo
Aqui, Ferrante mistura suspense e memória. A personagem principal tenta entender a morte da mãe e, nesse processo, vai escavando lembranças que estavam enterradas – e elas não são nada leves. É o livro de estreia dela e já mostra o estilo ferranteano: direto, intenso, sem filtros.
A Vida Mentirosa dos Adultos
Esse é mais recente e tem como foco a adolescência, aquela fase em que tudo começa a desmoronar e ninguém parece estar dizendo a verdade. A protagonista, Giovanna, descobre que os adultos escondem mais do que revelam, inclusive os pais. É uma leitura ágil, com aquele tom desconfortável que Ferrante domina.
Esses livros funcionam bem tanto para quem já leu a Série Napolitana quanto pra quem está começando e quer algo mais curto. A estrutura é diferente, mas os temas são os mesmos: identidade, perda, família, desejo e tudo aquilo que a gente tenta esconder, de nós mesmos e dos outros.
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Por onde começar a ler Elena Ferrante?
Tá aí uma dúvida bem comum: qual é o melhor livro da Elena Ferrante pra começar? E a resposta é: depende do tipo de leitura que você curte.
Se você gosta de histórias longas, com personagens complexos e uma trama que se desenvolve aos poucos, vá direto para A Amiga Genial. Mas já fica o aviso: você vai querer ler os quatro livros da Série Napolitana em sequência. Ferrante constrói a história aos poucos, camada por camada, e o impacto é total quando você chega ao último volume.
Agora, se você prefere algo mais direto ao ponto, ou quer experimentar antes de entrar de cabeça numa série, tem outras boas opções:
- Dias de Abandono é um soco emocional. Curto, intenso e praticamente impossível de largar.
- A Filha Perdida provoca mais do que conforta, e isso é ótimo. Também é uma ótima porta de entrada.
- A Vida Mentirosa dos Adultos é mais leve na estrutura, mas mantém aquela angústia típica das personagens da autora. Ideal se você curte histórias sobre amadurecimento.
Uma dica: se você leu A Filha Perdida e gostou, provavelmente vai amar a Série Napolitana. O tom é parecido, só que mais amplo.
Começar pelo livro certo faz diferença. Começar por um título mais denso pode espantar quem ainda está conhecendo o estilo de Ferrante. Então escolha com base no seu ritmo, no seu momento e no tipo de história que você quer viver agora.
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Adaptações para o cinema e a TV
Se você prefere ver no streaming antes de pegar o livro, talvez tenha chegado a Ferrante por causa da televisão. E, olha, faz sentido: as histórias dela têm tanto drama, tensão e camadas que pedem mesmo pra virar série ou filme.
A Amiga Genial (HBO)
A adaptação da Série Napolitana virou uma série de TV produzida pela HBO, e ficou excelente. A ambientação em Nápoles nos anos 1950 e 1960 é super fiel, o elenco é afiado e a fotografia é de cair o queixo. São quatro temporadas, cada uma baseada em um dos livros.
O tom é o mesmo dos livros: nada apressado, cheio de silêncio, olhares, detalhes. É pra assistir com calma, absorvendo tudo. Não substitui a leitura, mas complementa bem, especialmente se você já leu e quer ver os personagens ganhando vida.
A Filha Perdida (Netflix)
Esse virou filme. Foi adaptado pela diretora Maggie Gyllenhaal, com Olivia Colman no papel principal. É um filme sensível, bem interpretado, que mantém o desconforto psicológico presente no livro. Foi indicado ao Oscar e ajudou a popularizar ainda mais o nome de Ferrante fora do mundo literário.
Essas adaptações têm algo em comum: respeitam o material original. Não são versões suavizadas. Não tem final feliz forçado. E isso as torna especiais, porque Ferrante nunca escreve para agradar. Ela escreve para provocar.
Se você viu a série ou o filme e ficou curioso, não pense duas vezes: os livros vão além.
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Por que ler Elena Ferrante
Tá, mas o que faz os livros de Elena Ferrante serem tão diferentes? Tanta gente falando, tanta crítica elogiando… Será que é isso tudo mesmo?
É. E o motivo não é só o mistério em torno da identidade dela, embora isso chame atenção no começo. O que prende de verdade é a escrita. Ferrante tem uma forma brutalmente honesta de contar histórias. Ela não romantiza os sentimentos humanos, nem as relações. Pelo contrário: ela expõe tudo o que a gente tenta esconder.
Nas mãos dela, sentimentos como inveja, raiva, culpa e solidão ganham espaço de verdade. E o mais importante: ela escreve sobre mulheres de um jeito que pouca gente escreve. Com profundidade, com contradição, com verdade. As personagens são complexas, erram, se arrependem, se contradizem. E a gente se enxerga ali.
Outro ponto forte: o pano de fundo social. Ferrante não escreve em uma bolha. Suas histórias se passam em contextos políticos reais — como a Itália do pós-guerra, os anos de revolta estudantil, o crescimento da máfia — mas sem parecer livro de história. Isso aparece nos detalhes, nos diálogos, no ambiente.
Se você gosta de literatura que provoca, que incomoda de forma produtiva, que mexe com você dias depois de terminar o livro, então você precisa ler Ferrante.
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Conclusão
Os livros de Elena Ferrante não são leituras fáceis – e nem deveriam ser. Eles falam de tudo o que costuma ser varrido para debaixo do tapete: o lado ambíguo das amizades, os conflitos internos da maternidade, o peso das expectativas, as marcas da desigualdade. É literatura que desafia, te deixa pensando e faz com que você volte a certas frases dias depois.
Se você chegou até aqui, já entendeu que Ferrante escreve com coragem, encara temas difíceis de frente e construiu um universo literário com personagens inesquecíveis. E se você ainda não leu nada dela, este é o melhor momento pra começar.
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Perguntas frequentes sobre os livros de Elena Ferrante
1. Elena Ferrante é um pseudônimo?
Sim. A identidade real da autora nunca foi oficialmente revelada. Ela optou por manter o anonimato desde o início da carreira.
2. Por onde começar a ler Elena Ferrante?
A maioria dos leitores começa por A Amiga Genial, mas Dias de Abandono e A Filha Perdida também são ótimas portas de entrada, especialmente se preferir livros mais curtos.
3. Preciso ler a Série Napolitana na ordem?
Sim. Os quatro livros seguem uma linha do tempo contínua e devem ser lidos na ordem de publicação.
4. Os livros de Elena Ferrante têm ligação entre si?
Somente os da Série Napolitana. Os demais são histórias independentes, mas com temas recorrentes como identidade, maternidade e relações familiares.
5. Quais livros viraram adaptações para TV ou cinema?
A Amiga Genial virou série na HBO. A Filha Perdida foi adaptado para o cinema e está disponível na Netflix.
6. Qual é o livro mais famoso de Elena Ferrante?
A Amiga Genial, primeiro volume da Série Napolitana, é o mais conhecido e vendido.
7. Elena Ferrante já ganhou prêmios?
Sim. A autora já recebeu diversos prêmios e reconhecimentos internacionais, como o prêmio literário The Man Booker International Prize (indicação) e o Strega Prize (finalista).